Vinhos Fortificados Moscatel de Setúbal JOSÉ MARIA DA FONSECA - QUINTA - LISBON WINE - 1967

Opiniões Viniou

O Moscatel de Setúbal 1967 da casa José Maria da Fonseca é um vinho fortificado raro e excecional, proveniente de um dos produtores mais emblemáticos de Portugal. Elaborado maioritariamente a partir da casta Moscatel, este vinho destaca-se pela sua cor dourada profunda e aromas magníficos de frutos secos, casca de laranja confitada, mel, tâmaras e toques de especiarias com nuances de toffee e caramelo. O ano de 1967 foi particularmente favorável na região, conferindo ao vinho uma notável frescura, estrutura e longevidade, que se manifesta ainda hoje através de uma acidez vibrante e de uma persistência notável no final de boca. A vinificação segue o método tradicional com interrupção da fermentação pela adição de aguardente vínica, seguida de um longo estágio oxidativo em cascos de madeira, o que acentua a complexidade aromática e a textura envolvente desta colheita histórica.

A Península de Setúbal desfruta de um clima mediterrânico, com verões quentes e secos e invernos amenos e chuvosos, muito influenciado pela proximidade do Atlântico e do estuário do Sado. Os solos argilo-calcários e arenosos proporcionam condições ideais para a maturação da casta Moscatel, resultando em vinhos ricos, concentrados e aromáticos. A tradição vitivinícola na região remonta ao século XII, sendo o Moscatel de Setúbal um símbolo incontornável da história e do património vínico português, apreciado tanto em Portugal como além-fronteiras.

Sendo um fortificado de grande personalidade, este Moscatel harmoniza na perfeição com sobremesas de ovos, como torta de laranja, toucinho do céu ou pudim abade de Priscos, mas revela-se igualmente surpreendente com queijos curados, foie gras ou, numa vertente inovadora, acompanhando pratos da culinária asiática com notas levemente apimentadas. Para uma experiência ainda mais autêntica, sugiro degustar com os tradicionais pastéis de Azeitão.

Para tirar o máximo partido deste vinho raro, recomendo servi-lo ligeiramente fresco, entre 12 e 14°C, em copos de sobremesa para favorecer a expressão aromática. Dado o seu longo estágio e intensidade, poderá ser apreciado lentamente, permitindo-lhe evoluir no copo à medida que revela as suas múltiplas camadas de aroma e sabor.